segunda-feira, 14 de março de 2011

Revirei os olhos e consolei. "desculpa. Repete para mim e eu juro que vou prestar atenção."
Esforcei-me e prestei atenção nela. Quando olhei novamente, após ela ter terminado de falar, ele já não estava mais no mesmo lugar.
Patrícia notou e perguntou curiosa e não mais com raiva. "quem é que você procura a tanto tempo?"
Menti. "ninguém."
Ela me olhou de um jeito que dizia "fala sério!"
Então falei a verdade. "aquele cara do elevador. Ele estava bem ali."
Ela voltou a reclamar. "poxa Tati, por que não me disse?"
Fui sincera. "você é mais importante que ele."
Agora ela quem revirou os olhos. "você é idiota."
Ficamos conversando e o Fernando ainda estava com a menina que ele havia conhecido por aqui.
Com um tempo me chamaram. "Tatiana?!"
Virei-me e olhei. Era ele com um suco igual ao que a Patrícia havia me trazido. Ele o me entregou enquanto perguntava "posso?" olhando para a cadeira ao lado da minha.
A Patrícia levantou-se sorrindo e dizendo. "vou pegar meu protetor lá em cima. Não sintam minha falta."
Apenas sorri e voltei a olhar para ele, dizendo docemente "obrigada. Mas então, como adivinhou que eu gosto de abacaxi?"
Ele sorriu charmosamente e respondeu endireitando sua cadeira para ficar de frente com a minha. "você parece gostar de atrair confusões." Rio de sua piada sem graça e continuou. "Agora sério. Eu estava te reparando a muito tempo e dentre todos os sucos amarelos que tinham ali, foi o que eu achei mais próximo."
Achei estranho, isso é um novo tipo de cantada?
Ele puxou assunto. "de onde é?"
Respondi "daqui do Rio Grande mesmo, Caicó."
Ele sorriu e respondeu algo que eu não havia nem perguntado. "sou do Espirito Santo."
Realmente o sotaque não negava.
Fui direta. " e aí? O que pretende?"
Ele riu e perguntou. "você é sempre tão direta?"
Respondi. "curso Direito."
Ele brincou. "está explicado o porquê da falha como médica."
Brinquei em resposta. "Na verdade eu havia citado enfermeira."
Ele apenas sorriu e eu continuei. "e o que você faz?"
Ele respondeu. "sou administrador."
Perguntei com o intuito de que ele continuasse a minha frase. "e administra...?"
Ele respondeu. "o café da manhã com excelência." Ergui uma sobrancelha reprovando mais uma de suas piadas. "Não, não. Agora sério, eu estou trabalhando na empresa da minha família."
Ri um pouco e cobrei. "ainda me deve uma resposta."
Ele lembrou. "ah! É mesmo. Pretendo convidar uma bela mulher para sair comigo hoje a noite."
Brinquei. "bela mulher? Ah! Pensei que eu tivesse alguma chance."
Ele respondeu, olhando firmemente. "você é a única que tem."
Respondi. "acho que agora posso dizer sim."
À noite saímos para um restaurante que ficava perto. Conversamos muito, sua conversa era agradável e não nos faltou assunto. Demonstrou ser um homem inteligente, educado e com bom humor, ou uma tentativa disto.
Quando terminamos, ele me fez um novo convite. Convidou-me para caminharmos pela orla sem destino. Topei e assim fizemos.
O tempo passou e não nos demos conta, até que o Fernando me ligou perguntando sobre a Patrícia. Se estivesse preocupado como amigo, ele também teria se preocupado comigo, na verdade ele estava preocupado como ciumento. Os dois podiam negar, mas dava para notar de cara o quanto eles se gostavam.
Comentei com o Marcelo. "saudade de dizer - já está tarde, tenho que ir."
Ele sorriu e respondeu. "então diz."
Olhei para ele estranhando suas palavras, mas fiz, mesmo que sem graça. "já está tarde, tenho que ir."
Ele disse. "também sendo nostálgico vou responder - eu não queria, mas também tenho que ir. Contudo, vou deixá-la em casa."
Brinquei. "Não tem outro jeito mesmo."
Nós caminhamos novamente até o Hotel. Depois de muita conversa jogada fora na porta do meu quarto ele se despediu e foi para o seu.
Logo na manhã seguinte, ele foi muito cedo bater na minha porta. Pedi para que a Patrícia atendesse e foi assim que ela o recebeu:
"bom dia quase peguete de verão da minha amiga."
Assim que ouvi isso corri para a porta e tomei sua frente.
"desculpa, mas ela costuma falar muito assim que acorda. Digamos que ela seja a oposição da humanidade."
Sempre sorridente, ele convidou. "vamos à praia e depois almoçar em algum restaurante?" Olhou por cima de mim e chamou a Patrícia que fingia está ouvindo música. "vamos também, Patrícia?!"
Ela respondeu. "não quero atrapalhar."
Olhei lentamente para trás e toquei fogo nela simplesmente com o meu olhar.
Então, discreta como sempre, ela brincou. "eu só disse a verdade."
O Marcelo ainda aguardava minha resposta. “eu aceito.”

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